Na América Latina, o HIV continua sendo a principal causa de mortes evitáveis. Muitas pessoas são diagnosticadas tardiamente ou hospitalizadas com estágios avançados da doença depois de perderem oportunidades de receber cuidados mais cedo.
“Muitas pessoas que vivem com HIV são atendidas várias vezes pelo sistema de saúde sem serem diagnosticadas ou tratadas de forma eficaz,” diz o Dr. Omar Sued, consultor de HIV da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para a América Latina e o Caribe.
Em resposta, duas organizações globais de saúde – a OPAS e a Unitaid – fizeram uma parceria com o Projeto ECHO para preencher essa lacuna. “O ECHO identifica os desafios de todo o sistema e oferece uma plataforma para compartilhar soluções práticas,” acrescenta o Dr. Sued.

Da esquerda para a direita: Dr. Omar Sued, da OPAS; Dra. Zaida Arteta, do ECHO HIV do Uruguai; e Dr. Robinson Fernandes de Camargo, do ECHO HIV de São Paulo.
Usando o Modelo ECHO, os provedores de 28 países estão aprendendo a diagnosticar o HIV mais cedo e a melhorar o atendimento de casos avançados com a série ECHO de Educação Continuada em Doenças Avançadas por HIV.

Além das sessões mensais do ECHO que envolvem ampla participação em toda a América Latina, a OPAS está desenvolvendo comunidades de prática do ECHO para áreas de foco específicas, como o HIV na população pediátrica para especialistas de programas nacionais. Crédito da foto: Adobe Stock
Uruguai amplia o acesso e aumenta a confiança no tratamento do HIV
Em Bella Unión, no Uruguai, uma cidade remota perto da fronteira norte do país, as pessoas que vivem com HIV precisavam viajar quase 400 milhas até a capital, Montevidéu, para receber atendimento. Isso mudou quando um médico local se juntou à ECHO.
Com o apoio de uma rede nacional* lançada em 2014, o médico começou a tratar os pacientes localmente. Isso marcou um ponto de virada para o atendimento em a região, diz a Dra. Zaida Arteta, especialista em doenças infecciosas e professora da Universidad de la República.
“Agora, os pacientes podem ser tratados mais perto de casa,” diz a Dra. Arteta, que co-lidera o programa HIV ECHO do Uruguai. Por meio do ECHO, os médicos apresentam casos complexos e recebem orientação prática e imediata. “A diferença mais importante do ECHO é que ele se baseia em casos reais,” diz o Dr. Arteta, acrescentando: “Os provedores retornam às suas clínicas com soluções que podem ser aplicadas imediatamente.”
O programa ECHO fortaleceu a colaboração – entre especialistas em doenças infecciosas, médicos de família e profissionais de saúde pública – e, em última análise, melhorou o atendimento ao paciente. Os participantes melhoraram muito sua capacidade de identificar corretamente as próximas etapas do tratamento, passando de 44% para 89%**.
Brasil: Tratamento mais rápido, melhores resultados
O momentum também está crescendo no Brasil. Em 2018, São Paulo lançou uma das iniciativas ECHO para HIV mais ambiciosas, da região com oito programas ECHO focados em HIV e infecções sexualmente transmissíveis. Em uma cidade com mais de 12 milhões de habitantes, os profissionais de saúde geralmente lidam com o HIV juntamente com a falta de moradia, doenças mentais, uso de substâncias ou tuberculose. E funcionou: os pacientes agora recebem tratamento em apenas 13 dias, em vez de 180 dias***.

Acima: No Bairro da Liberdade, em São Paulo – uma das maiores e mais complexas zonas urbanas do mundo -, O ECHO está ajudando a unir o atendimento ao HIV em diversas comunidades. Crédito da foto: Adobe Stock
“Para os profissionais de saúde, tratar alguém que não tem moradia é complexo, diz Maria Cristina Abbate, que participa dos programas ECHO da cidade. “Esses pacientes geralmente enfrentam desafios que se sobrepõem, incluindo doenças mentais, uso de substâncias e lacunas no acesso ao atendimento, o que exige coordenação entre os serviços de saúde, sociais e de saúde mental. O ECHO ajuda as equipes a lidar com isso.”
Essa colaboração está criando um atendimento mais equitativo. “Quer um paciente esteja no centro da cidade ou na periferia, ele agora recebe o mesmo padrão de atendimento,” diz o Dr. Robinson Fernandes de Camargo, que lidera as iniciativas para HIV do ECHO na Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo. “Por meio do ECHO, criamos uma rede de atendimento conectada que apoia os profissionais em todos os níveis. Isso tornou nosso sistema mais forte, mais responsivo e, em última análise, mais inclusivo.”
Regionalmente, a OPAS está dando o próximo passo com o ECHO, criando “comunidades de prática” em toda a América Latina em áreas de foco específicas, como o HIV em pediatria, para garantir que o conhecimento especializado e localizado seja cocriado além das fronteiras.
Ao criar redes confiáveis e apoiar a liderança local, o Projeto ECHO está ajudando os países da América Latina a passar de desafios isolados para soluções compartilhadas no tratamento do HIV.
Inscreva-se no programa ECHO de Educação Continuada em Doenças Avançadas por HIV ou envie um e-mail para a equipe do programa para saber mais.
*A Administração Nacional de Serviços de Saúde Pública (ASSE) e as instituições acadêmicas lançaram o programa: manejo clínico do HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis no Projeto ECHO Uruguai.
**Relatório de avaliação da clínica avançada de HIV da ECHO Uruguai (2021).
***Comparação de dados de tempo de tratamento de 2016 a 2022, fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde.
Imagem de destaque: O programa HIV ECHO no Uruguai contribuiu para a elaboração das primeiras diretrizes de tratamento de infecções oportunistas do país, por meio da colaboração entre especialistas e profissionais da atenção primária.